Ulysses Silveira Guimarães

Ulysses Guimarães  nasceu em 06 de outubro de 1916, em Itirapina, São Paulo. Começou a militar politicamente ainda na faculdade, participando do centro acadêmico 11 de agosto, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Foi o primeiro vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Em 1945, filiou-se ao Partido Social Democrático (PSD), integrando-se à vida política institucional em 1947, quando foi eleito deputado constituinte por São Paulo. Depois disso, elegeu-se deputado federal, sendo reeleito em 1954 e 1958. Em setembro de 1961, foi favorável à Emenda Constitucional nº 4, que instituiu o parlamentarismo no Brasil como forma de conciliar o veto imposto por militares à posse de João Goulart. No parlamentarismo, Ulysses Guimarães assumiu o Ministério da Indústria e Comércio, no gabinete de Tancredo Neves. Em meados de 1962, exonerou-se do cargo, junto a todo seu gabinete, para retornar à Câmara. No mesmo ano, elegeu-se para o quarto mandato como deputado federal.

No processo inicial do golpe militar, de 1964, foi favorável à deposição de João Goulart e participou da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, um dos principais catalizadores das movimentações do período. Entretanto, com a edição do Ato Institucional nº2, quando os partidos foram extintos e o bipartidarismo instaurado, entrou para o partido de oposição ao governo, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Nas eleições de 1966 e 1970, reelegeu-se deputado federal e, em 1971, assumiu a presidência do MDB. Resistindo à ditadura militar, lançou-se como “anticandidato” à presidência da República, em 1973.

Alguns meses antes do pleito de 1978, Ulysses foi acusado de desobediência à legislação eleitoral devido à organização, junto ao MDB, da formação de uma rede nacional de rádio e TV para difundir críticas aos militares. As críticas foram reflexo do “pacote de abril”, editado por Geisel em 1977, que impôs, entre outras medidas, a eleição indireta para governadores e senadores. No final de 1978, Ulysses foi reeleito, pela oitava vez, à Câmara dos Deputados, mesmo ano em que chegava ao poder o candidato do partido situacionista, João Figueiredo, que decretou a anistia e extinguiu o bipartidarismo (a abertura lenta e gradual começara com Geisel). A maior parte dos membros do MDB ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que teve Ulysses Guimarães como presidente. Em 1982, foi reeleito novamente, período que passou a atuar como protagonista, ao lado de Tancredo Neves e Franco Montoro, no movimento pela redemocratização. Participando de comícios por todo o país e ficou conhecido como "Sr. Diretas".

Em 15 de janeiro de 1985, ainda pela via indireta, Tancredo foi eleito presidente, mas, um dia antes de assumir o poder, foi internado às pressas, por problemas de saúde, e Sarney assumiu o cargo de presidente interino. Nesse ano, Ulysses assumiu a presidência da Câmara dos Deputados e do PMDB. Em março de 1986, Ulysses chegava ao seu décimo mandato como deputado federal, o mais votado do país até então. No ano seguinte, além da presidência do PMDB, foi reeleito presidente da Câmara dos Deputados e eleito para a presidência da Assembleia Nacional Constituinte.

Com a volta das eleições diretas, que ocorreram em 1989, ele se candidatou à presidência da República pelo PMDB. Perdeu, obtendo apenas 4,43% dos votos. Em 1990, foi reeleito deputado federal (teve 11 mandatos). Em março de 1991, foi substituído na presidência do PMDB por Orestes Quércia. Apesar de, inicialmente, reticente ao impeachment de Fernando Collor, mudou de opinião com o aumento das evidências contra o presidente e com a manifestação da opinião pública, atuando ativamente no processo, sobretudo nos esforços para que a votação no Congresso fosse aberta. Em outubro de 1992, Ulysses sofreu acidente de helicóptero no RJ. Seu corpo não foi encontrado, mas a morte foi oficialmente reconhecida.

Fonte https://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/ulisses-silveira-guimaraes / Acesso: mai.2021