Roberto Costa de Abreu Sodré

Filho de uma tradicional família de cafeicultores e pecuaristas do interior de São Paulo, Abreu Sodré se formou em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), época em que militou contra o Estado Novo de Vargas. Com o processo de redemocratização do país, em 1945, participou, junto a seu irmão, da fundação da União Democrática Nacional (UDN). Com a militância, tornou-se um dos líderes do partido em São Paulo, elegendo-se deputado estadual pela legenda, em 1950. Assumiu o mandato no ano seguinte e foi reeleito mais duas vezes, em 1954 e 1958. Em 1960, foi eleito o presidente da Assembleia Legislativa do estado, função que exerceu até o fim de seu mandato. Nessa época, depoimentos indicam que Sodré manteve relações com militares que conspiravam para o golpe que seria dado em 1964, com o objetivo de fortalecer a conspiração que se desenhava contra João Goulart, sendo um dos articuladores da Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Também teria coordenado grupos militares nas vésperas do golpe.

Em 1966, passou a integrar a Aliança Renovadora Nacional (Arena). No ano seguinte, assumiu o cargo de governador de São Paulo. Com posição um pouco mais liberal, Sodré se opunha aos setores mais duros da esfera militar. Saindo do governo, Sodré voltou a trabalhar como advogado e a administrar suas fazendas, só voltando ao noticiário político em 1977, já no início do processo de abertura política do país. Com a extinção do bipartidarismo, no final de 1979, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS) e se tornou membro do diretório nacional da legenda.

Em 1981, foi nomeado presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), onde permaneceu até o início de 1982, quando Maluf anunciou seu nome para a presidência da Eletropaulo, mesma época em que a Light de São Paulo era incorporada a esta. Foi compelido a se demitir apenas 20 dias depois de sua posse, pelo então secretário de Obras Públicas e Meio Ambiente, Válter Coronado Antunes. Nos meios políticos, a justificativa de seu afastamento se deu a partir de escândalos de manipulação da TV Cultura em favor do governo do estado. Sodré era, na época, presidente do conselho curador da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da emissora.

Assumiu novamente a presidência do CNC em 1983 e, em 1984, durante o governo de André Franco Montoro, que havia assumido no ano interior, retornou à Fundação Padre Anchieta como presidente do conselho curador. Em 1985, filiou-se ao recém fundado Partido da Frente Liberal (PFL). Em 1986, foi convidado para assumir o Ministério das Relações Exteriores. Enquanto esteve à frente da pasta, a política externa brasileira ficou marcada por aproximações com países do chamado "terceiro mundo", sobretudo da América Latina, depois de crises nas relações com os Estados Unidos. Restabeleceu também relações com Cuba, fundando a embaixada brasileira em Havana. Em 1989, já em seu último ano à frente da pasta, deparou-se com grande escândalo de corrupção envolvendo a Fundação Cabo Frio, instituição subordinada ao Itamaraty e responsável pelo pagamento de seguros de diplomatas.

Com o retorno das eleições diretas para a presidência da República, em 1989, defendeu a coligação de Fernando Collor de Melo, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Em 1990, com a eleição de Collor e o fim do governo Sarney, Sodré se retirou da vida pública e passou a tratar de negócios particulares. Faleceu em São Paulo, em setembro de 1999, vítima de insuficiência pulmonar.

Fonte: https://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/roberto-costa-de-abreu-sodre / Acesso: mai. 2021.