Filho de imigrantes libaneses, Pedro Jorge Simon nasceu em Caxias do Sul, em 1930. Ainda na adolescência, deixou a cidade natal para estudar na capital Porto Alegre, no Colégio Rosário, onde foi presidente do grêmio estudantil. Permaneceu na capital para cursar a faculdade de Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, onde também fez pós-graduação em Economia Política. Dando continuidade à militância no movimento estudantil, durante o curso superior ocupou por três anos consecutivos a presidência do centro acadêmico Maurício Cardoso. Eleito presidente da junta governativa da União Nacional dos Estudantes (UNE), em outubro de 1956, também presidiu o Congresso dos Estudantes de Direito das Américas e a Federação das Faculdades e Escolas Superiores Católicas do Brasil.
Graduou-se em 1959 e foi eleito vereador em Caxias do Sul, sua cidade natal. Nas eleições de outubro de 1962, candidatou-se à Assembléia Legislativa gaúcha pelo PTB. Deixando seu mandato na Câmara municipal em janeiro de 1963, foi empossado como deputado estadual no mês seguinte. Em 1964, foi escolhido pelo presidente regional do PTB, Siegfried Heuser, para liderar a bancada do partido na Assembléia.
Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2, em outubro de 1965, e a conseqüente instituição do bipartidarismo, participou da fundação do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar, instaurado no país em abril do ano anterior. Reeleito em novembro de 1966 — ano em que liderou a oposição ao governo Ildo Meneghetti (1963-1967) no Legislativo gaúcho —, assumiu seu novo mandato em fevereiro seguinte, atuando como deputado estadual constituinte até a promulgação da nova Constituição do estado em maio de 1967.
Em 1969, Simon assumiu a presidência do diretório do MDB gaúcho — cargo que ocupou por dez anos —, em substituição a Siegfried Heuser, que havia sido cassado pelo regime militar. Em novembro de 1974, Simon reelegeu-se pela quarta vez consecutiva à Assembléia Legislativa gaúcha, atingindo, com 140 mil votos, a maior votação já obtida até então por um deputado estadual no país. Candidatou-se a senador em novembro de 1978, na legenda emedebista, foi eleito e empossado em fevereiro seguinte, defendendo o restabelecimento do estado de direito, o que, a seu ver, criaria condições legais para a reorganização do quadro partidário do país.
Com a extinção do bipartidarismo, em novembro de 1979, defendeu a união dos emedebistas com os trabalhistas de Brizola na formação de um “único e grande partido de oposição”. Com o fracasso da iniciativa, foi então um dos principais articuladores para a criação do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), legenda que substituiu o MDB. Em janeiro de 1980, assumiu a presidência da nova agremiação no Rio Grande do Sul, além de ter sido eleito secretário-geral da executiva nacional do partido.
Em 1982, tendo em vista a volta das eleições diretas para governador de estado, Simon teve seu nome lançado pelo PMDB gaúcho, mas foi derrotado pelo candidato do Partido Democrático Social (PDS), Jair Soares. Em 1983, Simon ocupou a primeira vice-presidência nacional de seu partido, em substituição ao falecido senador Teotônio Vilela. Durante o biênio 1983-1984, participou das comissões de Finanças, de Relações Exteriores e de Constituição e Justiça do Senado. Ainda nesse período, foi coordenador nacional da campanha das diretas, que propunha o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro de 1984. Com o insucesso da proposta, Simon apoiou a candidatura oposicionista do ex-governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, que foi eleito presidente pela Aliança Democrática, coligação do PMDB com a dissidência do PDS batizada de Frente Liberal. Tancredo, no entanto, não chegou a assumir o cargo em 15 de março de 1985, data marcada para sua posse, e foi substituído por seu vice José Sarney.
Indicado para ocupar o Ministério da Agricultura no novo governo, Simon assumiu a pasta em março de 1985 em substituição a Nestor Jost. Logo no início de sua gestão, afirmou que iria incentivar a produção de alimentos, com o implemento de uma política de subsídios para a agricultura e o fortalecimento da economia de subsistência. Defendeu ainda maior autonomia para o ministério e a adoção de um programa de reforma agrária. Prometendo dispensar tratamento especial ao pequeno produtor, em junho de 1985 anunciou projeto para a criação de um novo tipo de seguro rural que, além de cobrir o valor do empréstimo bancário, garantiria ao produtor o pagamento de todos os prejuízos da safra, de forma semelhante ao sistema americano.
Na eleição de novembro de 1986, Simon foi eleito governador do Rio Grande do Sul. Empossado no governo gaúcho em março de 1987, definiu como uma das metas de sua administração a rolagem da dívida do estado, prometendo racionalizar os custos e cortar excessos. Com esse objetivo, proibiu a contratação de funcionários públicos e determinou o preenchimento mínimo necessário de cargos de confiança e comissionados. A partir de abril de 1987, enfrentou uma greve de mais de 90 dias de funcionários e professores, que só foi solucionada com a instituição de reajustes bimestrais ao funcionalismo. Em setembro, criticou a proposta de realização de um plebiscito para decidir sobre o sistema de governo, sustentando que essa questão deveria ser definida pela Constituinte. Em janeiro de 1988, recusou-se a aderir à proposta de rompimento com o governo Sarney feita pelos chamados “históricos” do PMDB, grupo formado por remanescentes do antigo MDB. Concordando que estaria havendo um processo de afastamento do governo em relação ao partido, Simon observou que aquele não seria o momento de oficializar uma ruptura, voltando a insistir na necessidade de se priorizar a Constituinte. Promulgada em outubro de 1988, a nova Carta consolidou a transição democrática brasileira, estabelecendo um mandato de cinco anos para Sarney e marcando a realização das diretas presidenciais para novembro do ano seguinte. Em dezembro de 1988, lembrando os fatos do suicídio de Getúlio Vargas e a renúncia de João Goulart, Simon considerou injusto o pedido de impeachment de Sarney feito pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investigou denúncias de corrupção envolvendo o próprio presidente da República e alguns de seus principais auxiliares.
Nas eleições de 1989, Simon apoiou o candidato do PMDB, Ulisses Guimarães, à sucessão presidencial. Por ocasião da realização do segundo turno, que foi decidido entre os candidatos Fernando Collor de Melo, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN), e Luíz Inácio Lula da Silva, do PT, mostrou simpatia por Lula. Com a vitória de Fernando Collor, declarou que integraria a oposição ao seu governo, defendendo, no entanto, uma atitude de ponderação.
Em abril de 1990, afastou-se do governo do Rio Grande do Sul para tentar a reeleição para senador da República no pleito de outubro, sendo substituído no cargo pelo vice-governador Sinval Guazzelli. Reeleito senador pelo PMDB gaúcho, assumiu sua cadeira em fevereiro de 1991. No ano seguinte, foi membro titular da CPI do Congresso Nacional criada para investigar denúncias de corrupção envolvendo o presidente da República e o ex-tesoureiro da campanha eleitoral de Collor, o empresário Paulo César Farias, conhecido como P.C. Farias.
Após o impeachment de Collor, Simon foi indicado líder do governo Itamar Franco no Senado. Entre 1992 e 1994, integrou as comissões de Educação, de Assuntos Econômicos, de Assuntos Sociais e de Constituição e Justiça. Foi também membro da CPI do Congresso que investigou denúncias de irregularidades na destinação de recursos do Orçamento da União. Ainda em 1994, apresentou requerimento para a instalação de uma CPI destinada a investigar as atividades de empreiteiras denunciadas por corrupção durante a CPI do PC e a CPI do Orçamento. Em março de 1995, conseguiu o número mínimo de assinaturas para constituir a CPI, que ficou conhecida como CPI dos Corruptores, que não teve, no entanto, continuidade em virtude da oposição do PFL e PSDB, que se recusaram a indicar seus representantes. Em dezembro de 1995, o Senado aprovou projeto de lei complementar originalmente de autoria de Simon, permitindo a quebra do sigilo bancário de políticos e altos funcionários do governo. Ampliada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), a proposta passou também a incluir todos os ocupantes de cargos públicos.
Apesar de suas críticas ao governo, Simon apoiou quase todos os projetos de interesse do Executivo, nas principais votações realizadas pelo Senado em 1995, manifestando-se favoravelmente à abertura da navegação de cabotagem às embarcações estrangeiras, à revisão do conceito de empresa nacional, à extinção do monopólio estatal nas telecomunicações e na distribuição do gás canalizado pelos estados e à criação da Contribuição sobre Movimentação Financeira (CMF), cuja receita deveria ser aplicada na área da saúde. Foi contrário, apenas, ao fim do monopólio do Estado na exploração do petróleo.
Em outubro de 1998, foi reeleito senador, na coligação formada pelo PMDB, PFL e Partido Progressista Brasileiro (PPB), assumindo sua nova cadeira em fevereiro do ano seguinte. Também na eleição de 1998, Fernando Henrique Cardoso foi reeleito presidente da República, e Itamar Franco eleito governador de Minas Gerais. Na nova legislatura, Pedro Simon passou a integrar como membro titular, em junho de 1999, a Subcomissão de Rádio e TV, e, dois meses depois, a Comissão de Combate à Pobreza.
Em abril de 2001, assinou o requerimento de instalação de uma CPI da Corrupção, que deveria investigar denúncias de corrupção envolvendo membros do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), levantadas durante os ataques do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) contra o então presidente do Senado Jader Barbalho (PMDB-PA), com quem vinha travando violento embate, no qual se acusavam mutuamente de participação em esquemas de corrupção. A CPI, no entanto, não conseguiu ser aprovada. Nas eleições presidenciais de 2002, Simon se integrou ao grupo de dissidentes do PMDB, que apoiava o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. O nome de Simon foi cotado para ser vice do candidato petista. O PMDB, no entanto, aderiu à candidatura de José Serra (PSDB), derrotado no segundo turno por Lula. Após as eleições, o PMDB se aproximou do candidato vitorioso, e Pedro Simon foi cotado para assumir o Ministério de Minas e Energia, mas o cargo terminou sendo ocupado por Dilma Rousseff, do PT.
Em junho de 2003, passou a integrar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Banestado, formada para averiguar as denúncias de remessa ilegal de dinheiro para o exterior, através de contas abertas no Banco do Estado do Paraná (Banestado), em nome de laranjas e de empresas “offshore”, operadas por doleiros para encobrir a formação de caixa dois de empresários e recursos oriundos de corrupção política. Com a formação da CPMI da Terra, em dezembro de 2003, formada para produzir um amplo diagnóstico da questão fundiária no país, Pedro Simon passou a integrá-la como membro titular.
Em maio de 2006, Simon anunciou oficialmente que disputaria a indicação do PMDB para ser o candidato do partido à Presidência da República, nas eleições de outubro daquele ano, tendo Anthony Garotinho (então filiado ao PMDB) como vice. A Executiva Nacional do partido, contudo, decidiu que a legenda não teria candidato próprio às eleições presidenciais, decisão que beneficiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pedro Simon se candidatou novamente ao cargo de senador pelo Rio Grande do Sul, obtendo um novo mandato pela legenda do PMDB, em outubro de 2006, no mesmo pleito em que o presidente Lula foi reeleito presidente da República.
Simon fez parte da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, em 2007, e da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e de Assuntos Econômicos, em 2009. Alguns meses depois, passou a confrontar o governo na crise gerada pela série de denúncias de corrupção envolvendo a Petrobrás e políticos governistas. Formou-se uma CPI para investigar o caso na Câmara dos Deputados. Em maio de 2009, assinou o requerimento pedindo a instalação da CPI da Petrobrás no Senado, que não obteve o número suficiente de assinaturas para ser instalada. Em junho, veio à tona o episódio Sarney (PMDB), provocado por várias denúncias contra o presidente do Senado. Pedro Simon defendeu, na ocasião, juntamente a parlamentares da base oposicionista, o afastamento de José Sarney do cargo. As representações contra Sarney, e também contra o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, impetradas em retaliação, por parte dos aliados de Sarney, foram, contudo, arquivadas pelo então presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ). Em 2014, substitui Beto Albuquerque (PSB) na disputa pelo Senado do Rio Grande do Sul, após Beto renunciar a campanha para tornar-se vice da chapa presidenciável de Marina Silva, desfalcada após a morte de Eduardo Campos (PSB). Não consegue, no entanto, a reeleição, terminando com 16% dos votos. Assim, em 31 de janeiro de 2015, Simon entrega o cargo e anuncia sua aposentadoria da política após 32 anos como senador.
Fonte: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/simon-pedro. Acesso: fev. 2020.
Fonte: https://www25.senado.leg.br/web/senadores/senador/-/perfil/68 / Acesso: mai. 2021
Instituição de Ensino | Campo de Estudo | Início | Término |
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (RS) | 1953 | 1959 | |
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