Nascido no Ceará, no ano de 1916, e formado em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, Miguel teve como primeiro marco de sua vida a aprovação no concurso para escriturário do Instituto do Açúcar e do Álcool, onde chegou a ser delegado regional em 1947. No emprego, teve contato com a elite canavieira da região e conheceu o governador de Pernambuco, Barbosa Lima Sobrinho, de quem se tornaria próximo. Foi com essa amizade que Miguel Arraes chegou à política. Barbosa, ainda governador, o nomeou para a Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco, em 1947/48. Após dois anos nesse importante cargo público, Arraes tentou ser eleito deputado estadual. Conseguiu a primeira suplência com a legenda do Partido Social Democrático (PSD). Nas eleições seguintes, de 1954, Arraes conseguiu a cadeira na Assembleia Legislativa do Estado, desta vez com o Partido Social Trabalhista (PST).
Com grande mobilização para a eleição de Cid Sampaio à cadeira de governador do estado, em 1959, Arraes é nomeado, novamente, como Secretário da Fazenda. Entretanto, permanece no cargo por apenas alguns meses, pois naquele mesmo ano foi eleito prefeito de Recife (1959-1962), tendo gestão marcada por grandes ampliações na infraestrutura básica da cidade.
Com a experiência no Poder Executivo municipal, Arraes (PST) saiu vitorioso nas eleições de 1962 para o governo do estado, tomando posse em 1963. Seu governo foi voltado para a melhoria dos direitos trabalhistas dos trabalhadores da cana-de-açúcar, forçando os usineiros a pagar salário mínimo a eles, e dando condições para a criação de sindicatos, associações e ligas camponesas no estado, em ato que ficou conhecido como Acordo do Campo. Isso acabou gerando grande desconfiança da elite conservadora. Após o golpe militar de 1964, foi deposto e preso. Depois de conseguir habeas corpus em um longo processo judicial, exilou-se no Chile até o golpe militar chileno, em 1973. A possibilidade de uma nova prisão o forçou a exilar-se na Argélia. Mesmo fora do Brasil, foi condenado, em 1967, a 23 anos de prisão por crime de subversão.
Retornou ao Brasil em 1979, com a lei da Anistia, sendo calorosamente recepcionado por cerca de cinquenta mil pessoas, entre amigos e militantes. Instalou-se, novamente, em Recife. Filia-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e concorre a uma vaga no Congresso Nacional como deputado federal, assumindo em 1982, com 191.471 votos. Em 1986, foi eleito, outra vez, governador de Pernambuco. Foi responsável por incentivar, com obras e financiamentos, os pequenos agricultores. Em 1990, ingressa no PSB (Partido Socialista Brasileiro) e, em 1994, é eleito novamente ao cargo de governador do estado. Em 1998, não consegue a reeleição. Em 2002, com 86 anos, é eleito deputado federal e apoiou, como candidato à presidência, Anthony Garotinho. No segundo turno, apoiou Lula, constituindo a base aliada do PT no Congresso Nacional. Morreu aos 88 anos, no exercício do mandato.
Fonte:
http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=726 / Acesso: mai. 2021