Nascido em Salvador, na Bahia, José Maria da Silva Lisboa, que viria a ser conhecido como Visconde de Cairu, foi um dos principais economistas e intelectuais da história do Brasil. Mudou-se mudou para Portugal para cursar Direito na Universidade de Coimbra. Após sua formatura, em 1779, retornou ao Brasil, onde iniciou sua vida política com a nomeação para o cargo de deputado e, depois, para o de secretário da Mesa de Inspetoria da Agricultura e Comércio da Bahia.
No decorrer da década de 1800, publicou algumas obras sobre economia política, como "Princípio de Direito Mercantil e Leis da Marinha" (1801), “Princípios da Economia Política" (1804) e “Observações sobre o Comércio Franco no Brasil” (1808). Esta foi produzida na ocasião em que a família real portuguesa desembarcava no Brasil, em 1808. Lisboa, que ainda não havia recebido o título de Visconde, apresentou ao Príncipe Regente, Dom João, as vantagens da abertura de portos brasileiros para as nações amigas de Portugal, o que resultou na Carta Régia de janeiro daquele ano, oficializando o ato e marcando o fim do “pacto colonial". Depois disso, ainda em 1808, passou a ocupar o cargo de professor de Economia Política e foi nomeado desembargador da Mesa do Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens, sendo também deputado da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação do Estado do Brasil. Na época, transferiu-se, junto à família real, para o Rio de Janeiro.
Atuou como aliado da corte, defendendo uma economia liberal e a manutenção da ordem política vigente. Em 1821, fundou no Rio de Janeiro o jornal Conciliador do Reino Unido, publicação que defendia os direitos do príncipe e a manutenção da monarquia constitucional e centralizada em um Reino Unido que mantinha o Brasil atrelado à Portugal.
O periódico foi lançado no contexto da recém deflagrada Revolução do Porto, em 1820, contrária à abertura dos portos brasileiros, aprovada em 1808, colocando fim ao monopólio comercial português sobre a colônia. Com a propagação da revolta por Portugal e a adesão de diversos setores de influência (como a burguesia, o clero, a nobreza e o exército), a família real se viu obrigada a retornar a Lisboa em 1821, com exceção de Dom Pedro, que ficou no Brasil como príncipe regente. Dom João assumiu posição conciliadora com as cortes portuguesas, e D. Pedro continuou no Brasil. Com a coroa ameaçada, aderiu ao movimento independentista do país, que levou à proclamação da Independência no ano seguinte. Na ocasião, Lisboa criticou o movimento, demonstrando antipatia pelos defensores da independência e lutando pela manutenção do Império.
Na Assembleia Constituinte de 1823, foi deputado, pela província da Bahia. Outorgada a Constituição, em 1924, passou a ser defensor do Poder Moderador de Dom Pedro, combatendo por exemplo, os revolucionários da Confederação do Equador, em Pernambuco, o que lhe rendeu os títulos de barão de Cairu em 1825 e visconde de Cairu, no ano seguinte.
Também em 1826, torna-se senador do Império, escolhido por D. Pedro I, a quem se mantém fiel até abdicar do cargo, em 1831. Em 1832, foi um dos articulistas empenhados na fundação de uma Universidade no Rio de Janeiro, o que só viria a acontecer 100 anos depois, com a criação da UFRJ. Continuou escrevendo e publicando obras até vir a falecer no Rio de Janeiro, aos 79 anos, em 20 de agosto de 1835.
Fonte:
http://mapa.an.gov.br/index.php/publicacoes/70-assuntos/producao/publicacoes-2/biografias/435-jose-maria-da-silva-lisboa-visconde-de-cairu / Acesso: mai. 2021