José Carlos do Patrocínio nasceu de um relacionamento entre o vigário da paróquia de Campos dos Goytacazes, chamado João Carlos Monteiro, e a escrava Justina do Espírito Santo, na época com 15 anos. Importante personagem na Capela do Império, o vigário não reconheceu a paternidade do mulato, mas o enviou para sua fazenda, onde o menino passou a infância no convívio de escravos, mas sem ser um deles.
Favorecido pela influência do pai, José do Patrocínio pôde ter uma educação formal, fato incomum na vida dos escravos. Assim, aos 14 anos, ao completar o ensino primário, obteve autorização para ir ao Rio de Janeiro. Conseguiu emprego de servente de pedreiro na Santa Casa de Misericórdia. Influenciado pelo ambiente na área médica, retomou os estudos no externato de João Pedro de Aquino, posteriormente ingressando na escola de Farmácia.
Foi convidado por um colega do antigo externato, João Rodrigues Pacheco Vilanova, para morar em sua casa, no tradicional bairro de São Cristóvão. O padrasto de Vilanova era o influente capitão Emiliano Rosa Sena, abastado proprietário de terras e imóveis. Em troca da moradia, o capitão Sena propôs que Patrocínio lecionasse a seus filhos. Patrocínio aceitou e, desde então, passou também a frequentar o "Clube Republicano" que funcionava na residência.
Em paralelo à carreira de professor, Patrocínio começou a trabalhar como jornalista no quinzenário intitulado "Os Ferrões", em parceria com Dermeval da Fonseca. Em 1877, Patrocínio foi admitido como redator no jornal Gazeta de Notícias, encarregado da produção da coluna Semana Parlamentar. Em 1879, lançou a campanha pela abolição da escravatura no Brasil. Assim, articulou um grupo de jornalistas e de oradores, entre os quais Ferreira de Meneses (proprietário da Gazeta da Tarde), Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, todos da Associação Central Emancipadora. No mesmo ano, casou-se com Maria Henriqueta, uma das filhas do capitão Emiliano Rosa Sena. Junto a Joaquim Nabuco, em 1880, fundou a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. No ano seguinte, com o falecimento de Ferreira de Meneses, adquiriu a Gazeta da Tarde, com recursos obtidos junto ao sogro.
Em maio de 1883, articulou a Confederação Abolicionista, congregando todos os clubes abolicionistas do país, cujo manifesto redigiu e assinou. Empenhado na causa abolicionista, Patrocínio militava nos meios institucionais e agia para facilitar a fuga de escravos. Coordenou campanhas de angariação de fundos para adquirir alforrias, com a promoção de espetáculos ao vivo, comícios em teatros e manifestações em praça pública. Em 1886, elegeu-se vereador do Rio de Janeiro, com expressiva votação.
Em setembro de 1887, abandonou a "Gazeta da Tarde" para fundar e dirigir um novo periódico: "A Cidade do Rio". Obtida a vitória na campanha abolicionista, as atenções da opinião pública se voltaram à campanha republicana. Por ironia do destino, "A Cidade do Rio" e a própria figura de Patrocínio passaram a ser identificados pela opinião pública como defensores da monarquia em crise. Patrocínio foi rotulado como um "isabelista" e apontado como um dos mentores da chamada "Guarda Negra", formado por um grupo de ex-escravos que agia com violência contra os comícios republicanos. Nos anos seguintes, sua participação política foi inexpressiva.
Após a proclamação da República, em 1889, entrou em conflito com o governo de marechal Floriano Peixoto (em 1892). Foi detido e deportado para Cacuí, no alto rio Negro, no estado do Amazonas. Retornou discretamente ao Rio de Janeiro em 1893, mas com o estado de sítio ainda em vigor, a publicação do "A Cidade do Rio" continuou suspensa. Sem fonte de renda, Patrocínio foi residir no subúrbio de Inhaúma. Faleceu pouco depois, aos 51 anos de idade.
Fonte:
https://escola.britannica.com.br/artigo/Jos%C3%A9-do-Patroc%C3%ADnio/487852 / Acesso: mai. 2021