Joaquim Mota Assunção

Joaquim Mota Assunção foi um português que chegou ao Brasil em 1887, com oito anos de idade, após a imigração de sua família, tornando-se desde sua juventude operário de gráficas, militante anarquista, escritor e liderança política não institucional. Não teve educação formal; desenvolveu o gosto literário enquanto frequentava os sindicatos e as organizações de trabalhadores. Também não deixou praticamente nenhum registro autobiográfico, apesar de sua numerosa obra literária.

No final do século XIX e começo do século XX, Mota Assunção fundou, dirigiu e escreveu para inúmeros jornais de orientação socialista e anarquista. Foi autor de diversos poemas, romances e peças de teatro, como "Analfabetos Ilustres", tratando dos problemas do recente proletariado brasileiro, que crescia rapidamente na época, graças ao processo tardio de industrialização do país.

Participou de greves, manifestações e movimentos sociais da época, exigindo melhores condições de trabalho e moradia para os operários urbanos e trabalhadores rurais, chegando a ser preso, em 1903, em uma greve no Rio de Janeiro, sob a acusação de ser anarquista.

Originalmente um anarquista individualista, próximo dos grupos libertários do Brasil, mudou sua visão política, após a Greve do Gás, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1908. Na ocasião, Mota Assunção traduziu um trabalho de J. Mackay, que foi considerado pelos outros libertários participantes da greve como uma crítica ao anarquismo e apoio a outros grupos radicais participantes, que levavam a alcunha de comunistas. Após o ocorrido, Mota Assunção voltou sua militância para os grupos socialistas, mantendo a produção literária artística e crítica acerca das desigualdades da época.

Fonte: RODRIGUES, Edgar. História do Movimento Anarquista no Brasil, 2010.
Fonte: MARTINS, Angela Maria Roberti. A Experiência Libertária de um Português na Primeira República: Uma Análise da Trajetória Política e Intelectual de Mota Assunção (1899 – 1910).