João Café Filho nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, em 03 fevereiro de 1899. Sem concluir a graduação, João prestou concurso para advocacia do Tribunal de Justiça. Foi aprovado e passou a advogar para os mais pobres na capital e no interior de seu estado. Em 1921, fundou o Jornal do Norte, onde frequentemente havia denúncias das péssimas condições de trabalho e de vida da região. A defesa aos mais pobres lhe rendeu o desagrado da oligarquia dominante que, com a eleição do presidente Artur Bernardes, passou a reprimi-lo. Ainda assim, tentou se eleger, sem sucesso, ao cargo de vereador de Natal. Chega a ser preso e a fugir da cidade por participar de manifestações e greves gerais. Como fugitivo, enquanto permanecia em Recife, escrevia para o Jornal a Noite, defendendo a Coluna Prestes, que chegava ao Nordeste, pedindo aos oficiais que não a reprimissem. Retorna a Natal em 1927, entrega-se à polícia e cumpre sua pena.
Já em liberdade, volta a tentar vaga na Câmara Municipal de Natal, em 1928, mas perde e acusa o governador de ter manipulado os resultados. Ainda em 1928, recebe caravana do partido da Aliança Libertadora, que realizava grandes comícios e protestos. Café Filho volta a ser perseguido e foge para Recife. No início de 1929, muda-se para o Rio de Janeiro e integra a campanha de Getúlio Vargas à presidência da República, pela coligação Aliança Liberal. Com a vitória de Júlio Prestes, em 1930, líderes da Aliança Liberal acusaram a eleição de fraudulenta, organizando movimentos para ocupar os estados. Café Filho comanda um grupo armado até seu estado de nascimento e ocupa a capital já abandonada pelos governistas. Torna-se, então, chefe de polícia do novo governo do estado e ordena a liberdade de todos os presos políticos. Com o crescimento da adesão de militares ao movimento, o presidente Washington Luís é derrubado, e Getúlio Vargas é empossado como presidente do Governo Provisório.
Em 1933, Café Filho funda o Partido Social Nacionalista. No ano seguinte, é eleito deputado federal do Rio Grande do Norte. Nesse período, recusa convite para participar da Aliança Nacional Libertadora (ALN), organização contra o imperialismo, o latifúndio e o fascismo. Café Filho se exila na Argentina em 1937, com receio das críticas que havia feito ao golpe que instaurou o Estado Novo. Retorna ao Brasil em 1938, dedicando-se a atividades privadas. Retorna à vida pública em 1945, quando funda, junto a Ademar de Barros, o Partido Republicano Progressista (PSP). Quando Vargas é derrubado, Café Filho é eleito para a Assembleia Constituinte e se torna líder do seu partido, agora intitulado Partido Social Progressista.
Nas eleições de 1950, Café Filho consegue ser eleito vice-presidente com 2.520.750 votos, tendo feito campanha junto a Vargas. Como vice, viajou para a Europa, Oriente Médio e países vizinhos ao Brasil, onde fez importantes contatos políticos e econômicos para o país. Após o suicídio de Vargas, Café Filho assume a presidência da República.
Café Filho encontrou grandes dificuldades para articular a sucessão presidencial com chapa que combatesse a de Juscelino Kubitschek e João Goulart. Não houve solução, e o pleito de 1953 revelou a vitória de Juscelino e João Goulart, mesmo com forte pressão das Forças Armadas e da UDN, que defendiam um novo golpe militar. Café Filho, no entanto, defendia que o processo deveria ocorrer dentro da legalidade. Por conta de problemas cardíacos, Café Filho foi internado e afastado da presidência. Acusado de conspiração, foi impedido de retornar à presidência quando melhorou de saúde. Afastado, trabalhou em empresa imobiliária e, depois, foi ministro do Tribunal de Contas do estado da Guanabara, tendo sido nomeado pelo governador Carlos Lacerda.
Fonte:
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/joao-cafe-filho / Acesso: mai. 2021