João Alberto Sales

Alberto Sales nasceu em Campinas, em 14 de outubro de 1855. Foi notável intelectual e eminente republicano, engajado na luta contra o monarquismo no Brasil. Reconhecido por seu conhecimento enciclopédico, era considerado também sociólogo, filósofo e historiador. Membro do Partido Republicano Paulista (PRP), foi deputado federal por São Paulo e um dos ideólogos do movimento da “Ilustração Brasileira”, que tinha como objetivo difundir o positivismo no país. Alberto era irmão do presidente Campos Sales, com quem rompeu quando este ingressou na chamada “política dos governadores”. Ao longo de sua vida pública, Sales se dedicou também ao jornalismo e ao magistério. 

Nascido em Campinas-SP, viajou aos Estados Unidos, em 1875, para cursar Engenharia no Renseelear Polytechnic Institute de Troy. Em 1876, Sales voltou ao Brasil sem concluir a graduação e aqui cursou a Faculdade de Direito de São Paulo. Posteriormente, em 1880, junto a Alcides Lima e Pedro Lessa, lançou O Federalista, jornal de duração efêmera, voltado à divulgação da República e do federalismo no meio estudantil. Em 1881, tornou-se redator-chefe de A República, órgão do Clube Republicano Acadêmico. Sua obra mais importante foi escrita no ano de 1882. O livro “Política Republicana” foi publicado com o auxílio de recursos do PRP e, segundo o jornal O Estado de São Paulo, a obra foi uma das três que teve maior repercussão na geração acadêmica de seu tempo.

Em 1883, Sales, com o objetivo de renovar o pensamento da Faculdade de Direito de São Paulo a partir da crítica ao jusnaturalismo e da defesa do Direito como produto do “espírito do povo” (Volksgeist), lançou o “Ensaio sobre a moderna concepção do Direito”. No ano de 1884, Sales se tornou sócio-diretor do jornal A Província de São Paulo, onde trabalharia Júlio Mesquita, como redator político. Em 1885, Sales publicou o “Catecismo Republicano”, que teve dez mil exemplares distribuídos gratuitamente, pelo PRP. O livro apresentava, em 12 lições, uma síntese da visão e do programa dos republicanos.

Em 1886, Sales se tornou professor do Colégio Culto à Ciência, de Campinas. Após a proclamação da República, no ano de 1892, Sales foi eleito deputado federal para completar o mandato de Bernardino de Campos, que renunciou para assumir o governo de São Paulo. Foi reeleito para a legislatura 1894-1896, mas rompeu com o PRP e deixou o seu cargo em 1894.

Em 1898, Sales foi nomeado pelo presidente de São Paulo, Fernando Prestes de Albuquerque, diretor da Escola Normal. Continuou no cargo no início do governo seguinte, permanecendo nele até 1901, quando, mais uma vez, entrou em conflito com o PRP e passou a dedicar-se à sua fazenda em Monte Alto. A partir de 1901, Sales iniciou a crítica à estabilidade republicana, garantida pela “política dos governadores”. Naquele momento, ela era liderada pelo presidente Campos Sales, seu irmão. Nesse sentido, teve grande repercussão o artigo “Balanço Político”, que ele publicou na primeira página do jornal O Estado de S. Paulo. Ali, denunciava o mecanismo que sustentava a organização política do momento, a "degola". Essa publicação marcou a cisão do PRP, liderada por Júlio Mesquita, dono do jornal. Sales faleceu no dia 12 de março de 1904, em sua fazenda Guararema, em Monte Alto, São Paulo. Foi casado com Joana de Morais Sales, filha de rico fazendeiro de Campinas, com quem teve seis filhos. 

Fonte: http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/SALES,%20Jo%C3%A3o %0Alberto.pdf – Acesso: fev.2020.
Fonte: http://www.cdpb.org.br/dic_bio_bibliografico_sales%20joao.html – Acesso: fev.2020.
Fonte: ROCHA, Marlos Bessa Mendes. Matrizes da modernidade republicana: cultura política e pensamento educacional no Brasil. Brasília: Ed. Plano; Campinas: Autores Associados, 2004, 200p.