Nascido em 4 de outubro de 1892 em Umbuzeiro, na Paraíba, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello estudou Direito em Recife e estreou no jornalismo aos 15 anos, escrevendo para o Diário de Pernambuco e Correio da Manhã, no Rio, entre outros. Pouco a pouco, foi criando seu próprio império jornalístico, que chegou a reunir dezenas de jornais, revistas e estações de rádio. Até o ano de sua morte, 1968, Assis Chateaubriand foi o mais influente empresário de comunicação no Brasil. Ele construiu o conglomerado Diários e Emissoras Associados, ou simplesmente Diários Associados, em cujo ápice somou 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de TV e uma agência de notícias. Somem-se, ainda, as revistas O Cruzeiro, com a maior tiragem da América Latina, A Cigarra, e uma editora.
Chateaubriand tinha um projeto de poder. Para conquistá-lo, em 1924, já morando no Rio de Janeiro, compra o periódico O Jornal, que se tornaria o embrião de toda a cadeia de mídia. Em seguida, filia-se e assume a liderança do partido Aliança Liberal. Na condição de proprietário de um jornal e líder de um partido político, contribui com a vitória do movimento de insurreição de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. A expansão do conglomerado começou durante o Estado Novo (1937 – 1945), coincidindo com o apoio dado ao regime de exceção do então presidente Getúlio Vargas. Assim, em 1935 inaugura sua primeira emissora de rádio, a Tupi AM, popularmente conhecida como O Cacique no Ar. Em 1950, coloca no ar, em São Paulo, a primeira emissora de televisão da América Latina. No ano seguinte, ocorre a inauguração oficial da TV Tupi do Rio de Janeiro, com a presença do então presidente Eurico Gaspar Dutra. Foi a segunda emissora do Brasil. Esse é um dos feitos pelo qual Chateaubriand será sempre lembrado, embora tenha contribuído com outras realizações importantes, entre elas a fundação, em 1947, do Museu de Arte de São Paulo (MASP), com coleção de obras de grandes artistas, adquiridas na Europa do pós-guerra, graças à colaboração de Pietro Maria Bardi. Na condição de mecenas, deu oportunidade a escritores e artistas plásticos desconhecidos em sua época. Entre eles, Graça Aranha, Millôr Fernandes, Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Cândido Portinari.
Assis Chateaubriand, controverso, era amado e odiado. Seu império teria sido construído com base em interesses e compromissos políticos, incluindo a proximidade com o presidente Getúlio Vargas. Foi acusado de chantagear empresários que não anunciavam em seus veículos, por exemplo, o industrial Francisco Matarazzo Jr. Chateaubriand foi também senador da República (1952 e 1957); ocupou a cadeira deixada por Getúlio Vargas na Academia Brasileira de Letras (1854); foi embaixador do Brasil na Inglaterra (1955).
Apoiou o Golpe Militar (1964 – 1985), mas quando percebeu que os militares não deixariam o poder, liderou uma campanha contra o marechal Humberto de Alencar Castello Branco, primeiro militar no comando do país, acusando-o de compactuar com a fraude em curso para a instalação da TV Globo, concorrente, com financiamento de capital estrangeiro, proibido pela Constituição, ao mesmo tempo em que o governo não lhe concedia empréstimos para quitar dívidas trabalhistas com o governo federal. Por seus ataques virulentos a Castello Branco, teve sua concessão cassada. Foi o início do declínio dos Diários e Emissoras Associados.
A excentricidade de Chateaubriand foi mantida viva em seu velório. Seu corpo foi velado ao lado das pinturas Cardeal, de Velázquez, e Nu, de Renoir, simbolizando, segundo Bardi, as três coisas que mais amou: o poder, a arte e a mulher.
Fonte:
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/francisco-de-assis-chateaubriand-bandeira-de-melo. Acesso: jan.2020.
Organização | Função | Início | Término | Cidade | Estado |
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Membro | 1954 | 1968 | Rio de Janeiro | RJ |
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Senador (a) | 1952 | 1957 | PB | |
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Embaixador | 1957 | |||
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Líder | 1924 |
Instituição de Ensino | Campo de Estudo | Início | Término |
Universidade Federal de Pernambuco (PE) | 1908 | 1913 |