Descendente de imigrantes espanhóis e italianos, Emílio Médici nasceu em 04 dezembro de 1905, na cidade de Bagé, Rio Grande do Sul. Ainda adolescente, iniciou seus estudos no Colégio Militar de Porto Alegre, onde permaneceu até 1922. Em 1924, entrou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, formando-se em 1927. No mesmo ano, foi promovido a segundo-tenente. Sua primeira movimentação política ocorreu em 1930, quando participou das tropas revolucionárias que depuseram o então presidente Washington Luís. Getúlio Vargas o colocaria como capitão de uma de suas tropas contra o governo. Participou também dos esforços do governo federal de Getúlio Vargas para combater a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo.
Promovido oficialmente a capitão, em 1934, acabou retornando ao seu estado natal. No Rio Grande do Sul, passa por período de diversas promoções, tornando-se major em 1943, tenente-coronel em 1948 e coronel em 1953. Exerceu a chefia de diversas seções e foi nomeado comandante do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre, em 1953. Em 1960, tornou-se subcomandante da Academia Militar das Agulhas Negras. Em 1961, quando o presidente da República, Jânio Quadros, renunciou ao seu cargo, Médici, segundo relatos, foi a favor da posse de Goulart e da resolução parlamentarista da crise.
Em 1964, participou do golpe militar, comandando o bloqueio da Via Dutra com uma tropa de cadetes, impedindo resistências. Com a vitória dos militares, Médici foi enviado pelo ministro da Guerra, general Costa e Silva, a Washington, para trabalhar com a Junta Interamericana de Defesa e a Comissão Mista de Defesa Brasil-Estados Unidos. Em 1966, Médici assumiu a chefia do Serviço Nacional de Informações (SNI). Nesse cargo, envolveu-se na resolução de diversos escândalos de repressão excessiva a oposicionistas civis ao governo militar; e também ajudou a editar o Ato Institucional nº5. Em março de 1969, deixou o SNI e passa a comandar o 3º Exército.
Ainda em 1969, o então presidente da República, Costa e Silva, ficou gravemente enfermo, e uma junta militar assumiu o cargo da presidência, declarando que o vice-presidente não poderia assumir o poder por conta da situação interna do país. Surgiu, assim, uma crise política dentro do regime militar. Médici foi indicado na lista tríplice e, posteriormente, como candidato oficial do alto comando das Forças Armadas e do partido governista ARENA. Em 25 de outubro de 1969, por 239 votos, Médici foi eleito presidente da República pelo Colégio Eleitoral. Diferente do que proferia em seus discursos, Médici manteve um estilo de governo forte e extremamente centralizado. A repressão se intensificou, e a censura nos veículos de comunicação e nos livros aumentou. O período do governo de Médici ficou historicamente conhecido pelas torturas e pelo “milagre brasileiro”, uma grande expansão da economia, principalmente de seu produto interno bruto, em decorrência do aumento de exportações; da reserva monetária; da infraestrutura; e também das verbas para empréstimos, disponibilizadas por bancos internacionais. A expansão econômica, no entanto, não chegou a beneficiar os mais pobres; a desigualdade social crescia.
As relações exteriores do governo Médici foram marcadas pela aproximação do Brasil com países da América Latina; desentendimentos com os Estados Unidos, principalmente em relação à expansão do limite marítimo brasileiro, não reconhecida pelos Estados Unidos. Em 1973, Brasil e Paraguai assinaram em Assunção o acordo de construção da então maior usina hidrelétrica do mundo, em Sete Quedas, Rio Paraná. O governo brasileiro também aceitou o novo governo chileno, instaurado por um golpe militar contra o presidente Salvador Allende. No plano interno, ocorreu a grande seca no Nordeste e o consequente estado de calamidade pública; a construção da Transamazônica nas regiões mais pobres e inabitadas do país; a criação da Telebrás; ampliação da rede elétrica brasileira, chegando a iniciar o projeto de construção de uma usina nuclear em território nacional.
Em junho de 1973, Médici indica Ernesto Geisel para sucedê-lo na presidência da República. Em janeiro de 1974, o Colégio Eleitoral elegeu Geisel como presidente. Após a saída de Médici, da presidência, ele se afastou da vida política. Proferiu diversas críticas ao processo de redemocratização durante o governo Figueiredo. Morreu em 9 de outubro de 1985, em decorrência de complicações causadas por acidente vascular cerebral.
Fonte:
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/medici-emilio-garrastazzu. Acesso: fev.2020.
http://www.biblioteca.presidencia.gov.br/presidencia/ex-presidentes/emilio-medici/biografia> Acesso: fev.2020.
http://acervo.estadao.com.br/noticias/personalidades,medici,552,0.htm. Acesso: fev.2020.
Organização | Função | Início | Término | Cidade | Estado |
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Presidente (a) da República | 1969 | 1974 | Rio de Janeiro | RJ |
Instituição de Ensino | Campo de Estudo | Início | Término |
Escola Militar de Realengo | 1924 | 1927 |