Clara Charf

Clara Charf, filha de judeus russos pobres, nasceu em Maceió em 1925. Quando foi trabalhar em um banco como datilógrafa, reunia-se com as operárias de fábricas em discussões sobre a luta por melhores salários. Em Recife, depois de conhecer Anita Leocádio (filha de Luís Carlos Prestes e Olga Benário, acabava de retornar ao Brasil, em 1945, ao fim da Segunda Guerra Mundial), Clara Charf ingressou, aos 20 anos, no Partido Comunista Brasileiro (PCB).

No Rio de Janeiro, trabalhando como aeromoça na Aerovias Brasil, Clara ajudava o Comitê Nacional do PCB a se comunicar com militantes de diversos lados do país, através de cartas carregadas em suas viagens. Forçada a abandonar o emprego de aeromoça por conta do assédio de um piloto integralista, tornou-se taquígrafa do Partido e ajudava tanto na documentação, quanto na parte política, montando um grupo de mulheres dentro do PCB. Nesse período, marcado pela atuação na legalidade, o PCB tinha uma bancada de 14 deputados e um senador, que permaneceu ativa até 1947, quando teve seu trabalho interrompido pela cassação dos deputados comunistas.  Foi nesse momento que Clara e Marighella se conheceram e passaram a namorar.

Na década de 1950, Clara foi presa, em Campinas (SP), quando foi chamada pelo PCB para dar um curso de formação política para ferroviários. Chegou à cidade com mala carregada de livros marxistas, além da bandeira sindical japonesa. Abordada por um carro da Guarda Municipal, que percebeu a movimentação de Clara e do companheiro que a havia recebido, teve sua mala vistoriada, e foi detida proferindo as seguintes palavras: “Abaixo a ditadura de Getúlio”. Apesar de na época não existirem presos políticos, Clara sabia que, se desse seu verdadeiro nome, colocaria o Partido, a vida dos companheiros e de Marighella em risco. Assim, preferiu mentir: seu nome era Martha Santos. A partir disso, seguiu na prisão de 4 a 6 meses, até que mediante a apresentação de seu nome verdadeiro e o terceiro pedido de habeas corpus, Clara foi solta. 

Em 1963, Moscou realizou um grande congresso internacional de mulheres socialistas, e Clara foi uma das coordenadoras da delegação brasileira. Com o objetivo de reunir mulheres de diversas partes do mundo, o evento recebeu mais de duas mil mulheres de todas as raças e credos. No ano seguinte, de volta ao Brasil, com a deflagração do golpe civil-militar, Clara Charf voltou à clandestinidade, momento em que rompeu com o Partido Comunista Brasileiro e iniciou a luta armada junto à Ação Libertadora Nacional (ALN). Marighella passou a ser o homem mais procurado do estado e foi assassinado, em 1969, no dia que fazia contato com padres para sair do Brasil, junto de Clara, pela fronteira com a Argentina. 

Clara embarcou para o exílio de dez anos em Cuba apenas com a roupa do corpo e com uma foto de Marighella. Permaneceu na ilha até o ano de 1979, quando foi anistiada pelo governo brasileiro e pode retornar. Conseguiu a função de auxiliar de biblioteca; dava palestras sobre o período em Cuba; e se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT). Foi eleita, por três anos consecutivos, para o primeiro diretório regional do partido em São Paulo e entrou na Comissão de Mulheres do PT . Clara foi escolhida pelas colegas do partido para ser candidata a deputada estadual, em 1982. Apesar de não ter sido eleita, recebeu 19.560 votos. Ao continuar no trabalho de organização partidária, voltou a ser candidata em 1986, mas desistiu por motivos de saúde. Pouco depois, passou a trabalhar na Câmara dos Vereadores e na Assembleia Legislativa, permanecendo na Secretaria de Mulheres e integrando a Secretaria de Relações Internacionais do PT. Como participava intensamente do movimento de mulheres, foi indicada ao Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e, atualmente, é conselheira emérita do órgão. 

Clara Charf, hoje, também é presidente da Associação Mulheres pela Paz, uma organização não governamental, de combate às violências contra a mulher, com sede no centro de São Paulo. A Associação nasceu de um projeto que selecionou 1000 mulheres, em todo o mundo, para concorrer coletivamente ao Prêmio Nobel da Paz de 2005, na Suíça. Clara foi convidada para coordenar os trabalhos no Brasil.

Fonte: http://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-resistencia/clara-charf/  Acesso: jun.2020.

https://revistacult.uol.com.br/home/clara-charf-perfil/   Acesso: jun.2020.

Clara Charf

Nomes Políticos
Clara Charf

Nascimento
Maceió, AL, 17 de julho de 1925


Participações

Organização Função Início Término Cidade Estado
Partido dos Trabalhadores (PT)
Assessor 1982 São Paulo SP