Nascido em 30 de maio 1918, aos três anos de idade, Armênio Guedes, baiano de Mucugê, mudou-se para Salvador com o pai, a mãe e os dez irmãos. Com estímulo paterno, iniciou os estudos pelos livros de ciências jurídicas. Aos dezesseis anos, entrou na Faculdade de Direito da Bahia. Tomou contato com as ideias comunistas por influência do irmão mais velho, Enéas. Filiou-se ao grupo baiano do Partido Comunista do Brasil (PCB), em 1935. Em 1941, fugindo da perseguição que o Estado Novo de Getúlio Vargas havia imposto aos comunistas, Armênio Guedes viaja para São Paulo e, em seguida, para o Rio de Janeiro. Com vários líderes comunistas presos, Armênio articulou entre paulistas e cariocas a Conferência da Mantiqueira, que praticamente refundou o PCB, em 1943.
Com a queda de Getúlio Vargas, em 1945, o Partido Comunista foi legalizado. Os líderes presos, incluindo o secretário geral Luís Carlos Prestes, foram soltos, e Armênio se tornou integrante do quadro profissional do PCB, ao ser indicado secretário particular de Prestes. No entanto, a legalidade dos comunistas durou pouco. O partido foi cassado e assumiu linha radical.
Com a saúde abalada por doença pulmonar, Armênio Guedes foi se tratar em Moscou, em 1952, onde viveu por três anos, período que coincidiu com a morte de Stalin e com os preparativos do vigésimo Congresso do Partido Comunista Soviético, onde Nikita Kruschev (1894-1871), secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética por onze anos, considerado um líder político mundial, denunciou os crimes do stalinismo. Em Moscou, Armênio Guedes já questionava a cartilha soviética. De volta ao Brasil, tornou-se um dos principais articuladores da Declaração de Março, de 1958, que colocou a democracia como objetivo da ação política do Partido Comunista.
Nessa época, atuou como assessor parlamentar e dirigiu a revista Estudos Sociais, junto ao escritor e jornalista Astrojildo Pereira (1890- 1965), um dos fundadores do partido. Depois de 1964, mesmo com a repressão do governo militar aos movimentos de esquerda, Armênio ficou no Brasil clandestinamente, até 1971. Saiu do país depois de ser abordado por um agente da Agência Central de Inteligência Americana (CIA), em frente da casa onde morava. Exilou-se no Chile. Com o codinome Lázaro Feitosa, juntou-se aos outros exilados como José Serra, Fernando Gabeira, Almino Afonso, Maria Conceição Tavares e Betinho, em ações políticas para denunciar a repressão no Brasil. Nesse período, perdeu o irmão mais próximo, Celito Guedes, que foi preso, torturado e morto no Rio de Janeiro. Com o golpe militar de Pinochet, e a morte de Allende, em 1973, Armênio buscou exílio na França, onde chegou com o codinome Júlio. Com os exilados em Paris, entre eles Oscar Niemeyer, Miguel Arraes, Aloysio Nunes Ferreira, Luiz Hildebrando Pereira, José Leite Lopes, Armênio organiza esquema de denúncia da ditadura brasileira. Tornou-se, então, o responsável pelo jornal do partido, Voz Operária, levando seu grupo a consolidar o princípio de que a democracia é um valor permanente e não apenas tático.
Em 1979, com a Lei de Anistia, retorna ao Brasil. No ano seguinte, Prestes rompe com o PCB, que já mostrava outra divisão: de um lado, os que pregavam a democracia e criticavam o modelo soviético, como Armênio. De outro, os que discordavam dessa linha. A divergência levou mais gente a deixar o partido. Armênio Guedes saiu em 1986. Encerrou ali a militância de cinquenta anos. Continuou, como ele mesmo diz, um comunista, mas sem partido e sem carteirinha. Em 30 de março de 2012, recebeu o título de Cidadão Paulistano, oferecido pela Câmara Municipal de São Paulo. Faleceu em São Paulo, no ano de 2015.
Fonte:
VAIA, Sandro. Armênio Guedes: sereno guerreiro da liberdade. São Paulo: Barcarolla, 2013.
http://www.rodaviva.fapesp.br/materia_busca/573/marxismo/entrevistados/armenio_guedes_2008.htm Acesso: mai.2017.
Organização | Função | Início | Término | Cidade | Estado |
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Membro do partido | 1980 | 2005 | ||
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Membro do partido | 1968 | 1979 | ||
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Membro do partido | 1937 | 1967 |
Instituição de Ensino | Campo de Estudo | Início | Término |
Universidade do Estado da Bahia (BA) | 1934 | 1935 |