Abdias do Nascimento

Paulista da cidade de Franca, Abdias do Nascimento nasceu em março de 1914. Muda-se para São Paulo em 1930, onde falsifica sua certidão de nascimento para ter uma idade mais avançada e poder se alistar no Exército. Além de servir o Exército na capital, entra para o curso de Economia na Escola de Comércio Alvares Penteado. Começou a sua militância política ao integrar o movimento Frente Negra Brasileira, que realizava manifestações com o objetivo de integrar o negro na sociedade. Forma-se em economia na Universidade do Brasil em 1938.

Após uma viagem pela América Latina,  foi preso por agredir um delegado, sendo mandado à Penitenciaria do Carandiru, em São Paulo. Enquanto esteve preso, montou um grupo de teatro com outros presos. Ao deixar a prisão, cria o Teatro Experimental do Negro em 1944, formado exclusivamente por atores negros. Naquele mesmo ano, auxilia a fundação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

Em 1945, Abdias funda o Comitê Democrático Afro-Brasileiro, grupo político que organizou a Convenção Nacional do Negro. No ano de 1950, organizou o Congresso do Negro Brasileiro e, em 1968, lançou o livro “O Negro Revoltado”.

Após o Ato Institucional nº5, exilou-se nos Estados Unidos e entrou no movimento negro do país. Foi professor visitante da Universidade Wesleyan, professor contratado e de dedicação exclusiva da Universidade do Estado de Nova Iorque e professor-conferencista da School of Drama na Universidade de Yale. Na mesma época, identifica-se com o movimento intelectual do pan-africanismo, chegando a viajar para outros países para discussões sobre a corrente, como Jamaica e Nigéria. Nesta, residiu durante um ano (1976-1977), como professor-visitante da Universidade de Ifé. Em 1981, retornou ao brasil.

Com a ajuda de Dom Paulo Evaristo Arns, funda o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro). É escolhido vice-presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e funda a Secretaria do Movimento Negro. Já em 1982, candidata-se ao cargo de deputado federal, ganhando a suplência e se tornando titular em 1983. Como deputado, levantou bandeiras da luta do movimento negro, propondo um projeto de lei estabelecendo cotas para homens e mulheres negras dentro do serviço público e o feriado nacional do Dia Nacional da Consciência Negra, no dia 20 de novembro, e também, a inclusão da história das civilizações africanas e do africano no Brasil no currículo escolar comum. 

No ano de 1990, compõe a chapa para o senado como suplente de Darcy Ribeiro, e passa a ocupar a Secretaria Extraordinária para Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras (Seafro). No ano seguinte, organiza a ida de Nelson Mandela ao Brasil e ocupa o lugar de Darcy Ribeiro no Senado. Após a morte de Darcy Ribeiro, Abdias assume o cargo de senador, em 1997. Participa das comissões de Educação e de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Ao deixar o Congresso em 1999, torna-se secretário de Direitos Humanos e da Cidadania do Rio de Janeiro, no governo Anthony Garotinho.       

Após a carreira política, dedica-se à arte. Em 2004, recebe, na sede da UNESCO, o Prêmio Toussaint Louverture, pelos Extraordinários Serviços Prestados à Luta contra a Discriminação Racial. Faleceu em 24 de maio de 2011, vítima de uma pneumonia.

Fontes

ABDIAS do Nascimento. Disponível em: https://admbrasileira.wordpress.com/2016/11/03/abdias-nascimento-franca-sp-1914-2011/ . Acesso: jan. 2020.

CÂNDIDO, Daniela; SOUSA, Luís Otávio de. Verbete Biográfico: Abdias do Nascimento. Disponível em:http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/abdias-do-nascimento . Acesso: out.2016.