Rose Marie Muraro

Rose Marie Muraro teve importante papel como liderança política não institucional. Iniciou sua atuação política na militância universitária católica de esquerda, em 1940, ao mesmo tempo em que começou a escrever poemas, apesar de sua deficiência visual (Rose Marie nasceu com visão debilitada). Na década de 1950, viajou pela Europa, onde entrou em contato com as ideias feministas europeias e com a Teologia da Libertação, vertente do cristianismo adotado pela escritora, que é crítica da desigualdade social e defende abordagem libertária sobre a vida do indivíduo.

De volta ao Brasil, na década de 1960, começou a trabalhar na editora Vozes, com foco em publicações sobre o cristianismo e o feminismo. Em 1966, lançou, pela mesma editora, seu primeiro livro, “Mulher na Construção do Mundo Futuro”. Em 1968, lançou “Automação e o Futuro do Homem”. Em 1971, participou da fundação, junto a Betty Friedan (Feminista dos Estados Unidos), do Movimento Feminista do Brasil. Em 1975, fundou o Centro da Mulher Brasileira. A partir de 1977, passou a dar aulas nos Estados Unidos, sobre seus estudos relativos à condição da mulher na América Latina.

Rose Marie publicou sua obra mais extensa e importante em 1983, “A Sexualidade da Mulher Brasileira”, um dos únicos trabalhos sobre o tema na história do país, até então. Em 1985, participou do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e foi nomeada matrona do feminismo brasileiro. Em 1987, foi excomungada da Igreja Católica, demitida da Editora Vozes e teve seus livros proibidos, em virtude de sua defesa da Teologia da Libertação. Fundou, em 1990, a Editora Rosa dos Tempos, voltada para o estudo da questão de gênero na América Latina. Em 1999, lançou sua autobiografia, “Memórias de Uma Mulher Impossível”, dos únicos trabalhos de autobiografias brasileiras feitas por mulheres.

Entre as décadas de 2000 e 2010, deu aulas e palestras, bem como desenvolveu novas pesquisas e obras. Nesse período, recebeu diversos prêmios, como o título de “Mulher do Ano”, em 1990, e de “Mulher do Século”, em 1999, por seu trabalho com o Feminismo. Também recebeu premiações por seu trabalho de resistência à ditadura militar, realizado por meio de suas obras de protesto e oposição, lançadas durante seu trabalho na Editora Vozes.

Apesar de ter passado breve período na política tradicional, suas contribuições mais importantes estão em seu ofício como escritora. Ela é considerada uma das mais importantes pioneiras do feminismo no Brasil. Rose Marie Muraro faleceu em 2014, em decorrência de um câncer, no Rio de Janeiro.

Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2014000200009 / Acesso: mai. 2021